domingo, 3 de abril de 2011

Acaso uma rua

Acaso um poema
(A) “ventura”
Que ninguém atura
No vazio de uma rua
Na rua da dona Ema

Escura, sem lua
Poucos versos, sem rima
Sem métrica, que cisma!

Na esquina olhos de cão observa
Do outro lado, meninos com erva

Na janela da frente, a menina sem asa
Pula, e logo circula
Para e logo se amassa
Entra em outra casa e toma pílula

Na frente do bar fechado
Na rua suja, um bêbado desmaiado

Uma moça (provavelmente) universitária
Desce do ônibus solitária
Corre para não ser roubada
Entra na casa, fica aprisionada

Com a luz apagada, tento dormir
Mas a insônia me faz rir
E aqui dentro desse quarto
Não acho nenhuma graça
E logo me farto
Dessa velha cama
Cheia de traça
Que tiram minha calma
E consomem minha alma

Puta desgraça!
(amosventura)

2 comentários:

  1. "Minha desgraça, ó cândida donzela,
    O que faz que o meu peito assim blasfema,
    É ter para escrever todo um poema,
    E não ter um vintém para uma vela"

    a donzela universitária, provavelmente...

    abraço!!

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  2. Camarada, quantas imagens! Um bom poema é assim mesmo: a gente consegue enxergá-lo e trazê-lo para a nossa realidade. Muito bom!

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