quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Éter(nidade) da noite

Não, não, não me acorde
Para despedir-se agora
Deixa a saudade aprisionada
Esta que calmamente devora-me

Deixa a lua, iluminar, lá fora
Deixa o silêncio, contar as horas

Deixa alma ausentar-se do corpo
E vagar no macio desse sonho
E que no rastro, da desconhecida felicidade
De momento breve passar para eternidade
(amos)

sábado, 11 de fevereiro de 2012

O delírio, o rei e o reino

O rei teve varias variações
Variou, vibrou, vislumbrou
Outras imagens (ir) reais

Do seu quarto
Ramificou seus pensamentos
E fez sua prece
A tarde toda sem pressa

Batucou, batucadas batutas
Buscou transcender
Outras intenções

Logo se metamorfoseou
Com novas asas
Do casulo se libertou
Liberto pelo reino pairou

Segregou fácil da degeneração
Dos homens caóticos
Caídos, na destruição

Do alto lamentou
O ventre, perdido, partido
O parto ocorrido
Que a cegueira inocentou

Aturdido, o reino rejeitou
Solitário profere esconjuro
E procura abrigo seguro

Nos lírios em seus delírios
Deliberando, em qualquer direção
E sem sentido
Pelo mundo logo vagou

Destemido, despiu e despediu-se
Do efêmero corpo seu
E coagido na escuridão
Desapareceu

E na alcova acordou
Ressuscitou reassumiu
E com esmero
Um novo reino construiu

(Amos)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Poema meu Calvário

Meu poema é fraco
Tão fraco que da sono
E faz fraquejar o próprio dono
Meu poema não é macio
É um imenso vazio
Bem no centro do nada

O poema meu
É o mar bravio
Imaginário
É chuva que faz enxurrada
Na noite escura como breu

É um poema (do) bárbaro
Feito com retalho
Que na noite preparo
Como o leve toque do orvalho

-O poema meu calvário-
Agora é minha salvação
Da negra peregrinação
Que faço, na semana
(ninguém me engana)

Poema doce bebida
Servido na taça
Bebida da (des)graça


Mas sem poema
Não há um eu
(Não há um você)
Não tem noite
E não tem dia
Não tem morte
Não mais vida
Pois não há quem os crie

Sem poema
Nada mais existiria

-poema meu calvário-
(amos)