sábado, 28 de julho de 2012

Julgamento de uma santa


Emergindo na escuridão és tão perigosa
Que encanta todos com esse falso brilhar
Quem és tu, maldita flor espinhosa
Quando vós vejo, fere o meu olhar

Como orvalho em cristal, desce com calma
Pende e cai doce, mas como uma faca fere a alma
Oh! Desgraçada intensa agonia
Maldito são seus espinhos que fundo feria

Mas tu de linda flor virginal
É agora a louca prostituta da orgia
E nas pétalas cheias de segredo, agora és tão banal

Mas tu, prostituta que de tudo ria
Agora lagrimas entre os espinhos, florescia
E no inferno, prostituta tens sua nova santa moradia
(amos)

terça-feira, 5 de junho de 2012

Desalento De um (D)eu(S)

Nesse maldito ser humano
 Pressinto um triste espanto
Desequilíbrio silencioso gera-lhe o pranto
Blasfema desgraçado ser profano?

E quem te tira da perpetua tortura
Desventurada, miserável criatura
Em si só uma esperança. De um tumulo
Com a grandeza do escuro absoluto

 Que brote ainda a santa fé infinita
Nessa triste alma maldita
E nesse leito da morte a dor seja imensa

Estenda teu olhar para o infinito
Mas se a fé bendita faltar - filho maldito
Leve junto para o tumulo essa descrença.

(amos)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Da morte

Abraça-me oh morte
 Leva para si esse filho doente
Leve-me ao escuro do teu infinito
 Dei-me o teu castigo maldito

O corpo apodrecera coberto de terra
Mas a alma calejada aqui te espera
 Eis o ultimo desejo, do moribundo
 -Abandonar as inglórias desse mundo

Deixar de ser a viva matéria
Ser entulho guardado no cemitério
 E ser apenas restos podres em demasia

Ah mas que fim mais inglório
Que o destino me guardou
Hoje esquecido no tumulo, nada sou.

 (amos)

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Do Adeus

Um dia morto a morte vem perdida
Cheio de consolo para a vida
-E o que há para o conforto do peito
Parar de vagar e morrer no leito

Onde a escuridão deixa-me amedrontado
E as lagrimas da saudade transborda
Tanto que busco paz na triste corda
-E o nó que destes, deixa mais um sepultado

Fugi para o vale do descanso profundo
-Falhou quando deu adeus ao mundo
Pedi perdão ao céu oculto pelo nevoeiro

-E um desapontado riso ecoou na escuridão
Riso esse foi do maldito coveiro
Que rejeitou minha (in)decisão

(amos)

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Da última reza (cartas para .. .)

Uma parte do significante é um impossível
Circulante entre o superior caos mortal
Mesmo que essa direção leve para o sensível
E a outra direção seja para o racional

Existem elementos que exigiriam uma reflexão
Que esteja situado num meio caminho
Entre o real e a concreta ilusão
Seria impossível? A possibilidade de principiar um infinito

E dizer uma solução parece a desgraçada opressão
Escrever é uma absoluta (in)certeza de querer restaurar
De querer enfrentar tudo, da dura pena que é o infinito imaginar

A realidade, portanto repousa e reduz a dimensão
E deixa esse céu inútil, esse dia amargo para torturar
E cada noite sombria é a última quando a morte vem me visitar

(amos)

sexta-feira, 30 de março de 2012

Da lagrima (Carta para .. .)

Triste lagrima que vem de mim
É o riso sacana no teu rosto
A dor forte que corta meu peito
É a faca da tua alegria sem fim

Oh!Que desgraçado é esse amar
Que vem ardente bem de dentro
E para, na existência de um simples gracejar
Que atinge fortemente bem no centro

Para que tudo seja o triste findar
Pois não ter você por perto
É o que resta da fria realidade, que vem atacar

Mas esse atacar faz a alma calar
E cala forte, mas tão forte que tento
Viver o impossível sonho que é te amar.

(amos)

sexta-feira, 23 de março de 2012

Do silencio

Por
Favor
Faça o
Silêncio
Calar

(amos)

terça-feira, 6 de março de 2012

Da Saudade (M)

Imperfeita noite é da ausência
Que repousa serena no leito
E desvenda a horrenda distância
Que em fúria se esconde no peito

Olhando a velha face da treva
A tua imagem docilmente, revela
Rendido a força do pensamento
Febrilmente a saudade, enfrento

Na crescente escuridão a dor aumenta
Pouco mais a alma não agüenta
Esgotado deste penar, sente

Que tens a morte a sua frente
Lançado mortalmente ao chão
A ausência me enterra na solidão

(amos)

sábado, 3 de março de 2012

(D)Eu (s)

No pálido de um reflexo
Dessa vida banal
Sem sexo
Faço meu juízo final

Eis que fui um versículo
Uma parábola
Fui traído
Sou a vida
Sou a morte
Fui rejeitado
Fui açoitado
E fui crucificado
E no terceiro dia
Ressuscitado
(Quase sou eu)

(amos)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Éter(nidade) da noite

Não, não, não me acorde
Para despedir-se agora
Deixa a saudade aprisionada
Esta que calmamente devora-me

Deixa a lua, iluminar, lá fora
Deixa o silêncio, contar as horas

Deixa alma ausentar-se do corpo
E vagar no macio desse sonho
E que no rastro, da desconhecida felicidade
De momento breve passar para eternidade
(amos)

sábado, 11 de fevereiro de 2012

O delírio, o rei e o reino

O rei teve varias variações
Variou, vibrou, vislumbrou
Outras imagens (ir) reais

Do seu quarto
Ramificou seus pensamentos
E fez sua prece
A tarde toda sem pressa

Batucou, batucadas batutas
Buscou transcender
Outras intenções

Logo se metamorfoseou
Com novas asas
Do casulo se libertou
Liberto pelo reino pairou

Segregou fácil da degeneração
Dos homens caóticos
Caídos, na destruição

Do alto lamentou
O ventre, perdido, partido
O parto ocorrido
Que a cegueira inocentou

Aturdido, o reino rejeitou
Solitário profere esconjuro
E procura abrigo seguro

Nos lírios em seus delírios
Deliberando, em qualquer direção
E sem sentido
Pelo mundo logo vagou

Destemido, despiu e despediu-se
Do efêmero corpo seu
E coagido na escuridão
Desapareceu

E na alcova acordou
Ressuscitou reassumiu
E com esmero
Um novo reino construiu

(Amos)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Poema meu Calvário

Meu poema é fraco
Tão fraco que da sono
E faz fraquejar o próprio dono
Meu poema não é macio
É um imenso vazio
Bem no centro do nada

O poema meu
É o mar bravio
Imaginário
É chuva que faz enxurrada
Na noite escura como breu

É um poema (do) bárbaro
Feito com retalho
Que na noite preparo
Como o leve toque do orvalho

-O poema meu calvário-
Agora é minha salvação
Da negra peregrinação
Que faço, na semana
(ninguém me engana)

Poema doce bebida
Servido na taça
Bebida da (des)graça


Mas sem poema
Não há um eu
(Não há um você)
Não tem noite
E não tem dia
Não tem morte
Não mais vida
Pois não há quem os crie

Sem poema
Nada mais existiria

-poema meu calvário-
(amos)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Anoitecer

O nosso sol pôs-se agora
Nesse momento a vida, despede-se
Transmite-se, pelo olhar, pela voz
Por gestos infindáveis

Deixando nosso querer, nas palavras
Ao outro, e põe tudo para fora
O que se é de dentro
Confessa e completa

Silenciosa, horrenda, imperfeita
Beleza de um pensamento
Tão distante, uma jornada espinhosa, leva

Cego, ansiado na temerosa treva
Que leve embora, pro seio dessa terra
A beleza declinada do (des) amor
Revestido do véu da dor
(amos)

sábado, 21 de janeiro de 2012

Fim do poeta

Palavra de um ex-vivo
Da sua viciosa vida
Deixa esses simples versos
Sem heróis sem quimeras

Sobre o túmulo da saudade, amargura
Na noite fria, úmida pouco estrelada
Sem gritos, sem destino, sem cura
No deserto da noite, alma desvairada

Velando, agoniado, estremecia
Sustentava um triste amor, mortal
Eis agora no corpo a dor infernal
Envolvido, pela fúnebre escuridão, gemia

Infeliz lembrança causa horrores
Como o espinho do medo
Cravado no peito, causa ainda dores

Coberto de lama apodrecera
Desgraçado moribundo
Esquecido assim, agora jaz

(amos)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Quero-quero

O quero-quero
Desce
Na pastagem ou banhado
Canta forte
Que espanta-boiada
Briguenta ave majestosa

O quero-quero
Agora
Sobe
Deixando silêncio
No campo e na estrada
Deixando minha vida
Mais saudosa

(amos)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Mar mundo fim

Mar mundo fim

Mar fim de um mundo

Mundo meu
Mundo breu

Mundo de muros
Mar fim fundo

Mundo fim
É o fim do mundo
Meu

Mar mundo
Meu fim

(amos)